Conjunto de esportiva, mas preço de utilitária, novidade da marca traz esportividade para as massas
A Yamaha apresentou a inédita Fazer FZ 15 como uma moto para “inaugurar o segmento Small Premium”. A ideia não é nova. Oferecer modelos incrementados para a categoria de baixa cilindrada é algo bem comum na Ásia, especialmente em países como Índia e Tailândia, onde há uma restrição tanto por habilitação quanto por tarifação, que limita o mercado de média e alta cilindrada.
Por aqui, já era uma parcela pequena dos compradores que tinha condições de sair das motos 150 ou 160 para as de 250 cilindradas ou mais. Só que, até agora, as opções do público eram ficar na faixa de até R$ 20 mil e ter motos meramente utilitárias, ou ter que gastar bem mais que isso para ter uma moto maior, melhor e mais equipada.
Mas quem disse que quem não tem dinheiro para comprar uma 250 também não quer uma moto completa ou com uma proposta mais esportiva? Essa é pergunta que a Yamaha está realmente fazendo com a Fazer FZ 15. Não é a primeira vez que a marca aposta nesta fórmula, pois, com o lançamento da Fluo 125 ABS, cobriu o nicho de scooters de entrada bem equipadas e já aparece entre as mais vendidas da categoria.
Só que a Fazer FZ 15 tem uma tarefa mais difícil, pois seu preço anunciado de R$ 16.990 mais frete a coloca de frente com a Honda CG 160, a moto mais vendida do Brasil. E mais: é uma faixa de preço onde está a desejada versão Titan que, com a introdução da linha 2023, passou a custar R$ 15.060. Será que a nova 150 completa da Yamaha consegue convencer?
O que a Yamaha Fazer FZ 15 traz de série?
Derivada de um projeto da Yamaha Índia, a Fazer FZ 15 brasileira aposta no visual mais encorpado e elementos de motos maiores, mas com um motor 150 feito no Brasil, ajudando a manter o preço menos alto. Em relação ao modelo indiano, a moto brasileira tem um farol redesenhado e grafismos exclusivos.
Entre os itens derivados de modelos grandes estão rodas de liga leve de 17 polegadas calçadas por pneus de medida 100/80 na dianteira, enquanto a traseira é 140/60, mesma largura da Fazer 250. Os pneus em si são Pirelli Diablo Rosso II. A FZ 15 usa freios a disco em ambas as rodas, sendo que o disco dianteiro tem 282 mm de diâmetro e 220 mm atrás
A suspensão dianteira traz garfo telescópico de 130 mm de curso. O tubo das bengalas têm 41 mm de diâmetro, mesma medida das peças usadas pela MT-07. Na traseira, já conta com amortecedor único (monoshock) com ajuste de pré-carga e 120 mm de curso, sendo uma das poucas em sua categoria com tal equipamento.
O ABS é de série na roda dianteira e as pinças são fornecidas pela ByBre, subsidiária da Brembo e também utilizadas nas motos G 310 da BMW. O contato fica na frente do tanque, não abaixo do painel como nos modelos de entrada. A nova Yamaha Fazer FZ 15 conta com luzes diurnas de LED, faróis de LED com projetor, lanterna traseira de LED e painel de instrumentos digital com tela de LCD. Ele fornece informações como conta-giros, indicador de marcha, marcador de combustível e dois odômetros parciais.
A moto tem chassi do tipo diamante com o motor fazendo parte do conjunto. Nas medidas, a moto tem 2.000 mm de comprimento, 780 mm de largura, 1.080 mm de altura e 1.330 mm de entre-eixos. A altura mínima em relação ao solo é de 170 mm e o assento está a 790 mm do chão. O peso em ordem de marcha da Yamaha Fazer FZ 15 é de 135 kg (125,9 kg a seco) e o tanque acomoda até 11,9 litros de combustível, sendo 3 litros de reserva.
O único componente que a nova Fazer FZ 15 tem em comum com as outras motos 150 da Yamaha no Brasil é o propulsor. Trata-se do mesmo monocilíndrico flex de 149 cm³. Ele tem arrefecimento a ar e duas válvulas no cabeçote acionadas por corrente. Ele consegue entregar 12,4 cv de potência a 7.500 rpm e 1,3 kgfm de torque a 6.000 rpm quando abastecido com etanol. Com gasolina, a potência chega a 12,2 cv e o torque se mantém. O câmbio é mecânico de 5 marchas e a transmissão final é feita por corrente.
Como a Yamaha Fazer FZ 15 anda?
A Yamaha Fazer FZ 15 é uma moto que confunde. Você para, olha as rodas e pneus largos, amortecedor único na traseira, bengalas robustas e o tanque envolvente e seu cérebro automaticamente pensa que é uma moto 250 ou 300. Mas não é. Trata-se de uma 150 com diversas soluções dos modelos maiores.
Mesmo sentando na moto, ela continua parecendo maior. Desde o contato no tanque até a forma com a qual as pernas encaixam no tanque, tudo te faz pensar que você está montado em uma moto esportiva. Mas claro que a performance ainda é de uma moto 150, mesmo que o conjunto de roda e pneu maior fazem a moto ficar mais “esperta” nas saídas.
O motor Blue Flex da Yamaha, como vocês bem apontaram nos comentários, não tem histórico de problemas graves. Não é um propulsor de performance, mas é linear nas entregas e gosta de ficar nas faixas médias de rotação. Entre 5.000 e 7.500 rpm é onde ele roda mais liso e o câmbio justo de 5 marchas é bastante acionado para manter o motor sempre “cheio”.
O primeiro trecho, no carregado trânsito da manhã em São Paulo (SP), apenas comprovou o que o conjunto prometia: a Fazer FZ 15 é uma moto extremamente leve nas manobras. Os pneus mais largos e a suspensão mais parruda são um convite para abusar um pouco nas mudanças de direção e a pequena esportiva da Yamaha responde até mais rápido que os modelos maiores da série MT exatamente por ser bem mais leve.
Na estrada, desempenho de 150 mesmo: ela até passa de 120 km/h, mas fica mais a vontade por volta de 110 km/h. Há um pouco de vibração perceptível acima disso, mas nada incômodo em trajetos curtos como o nosso. O lado positivo é que o desempenho menor significa que a moto tem chassi, suspensão, pneu e freio “sobrando”.
E íamos precisar disso, pois o trajeto até Santos (SP) cruzaria a estrada Caminhos do Mar (SP-148), primeira via pavimentada da América Latina e que corta a Mata Atlântica pela Serra do Mar. Feita para carroças e mulas, a estrada de concreto é escorregadia, íngreme e repleta de curvas fechadas até seu fim na cidade costeira de Cubatão.
A descida em comboio não mostrou muita coisa, além de um belo visual da costa paulista. Mas foi na subida que as coisas ficaram mais divertidas. Com um ritmo mais animado, a FZ 15 encarou as ladeiras íngremes segurando de terceira marcha com eventuais reduções para segunda. A velocidade não passou de 50 km/h, mas o prazer de tocar uma moto leve e que te chama para deitar nas curvas sem ter medo de destracionar por excesso de torque é uma experiência que gostaria que todos que andam de moto tivessem.
Na estrada, desempenho de 150 mesmo: ela até passa de 120 km/h, mas fica mais a vontade por volta de 110 km/h. Há um pouco de vibração perceptível acima disso, mas nada incômodo em trajetos curtos como o nosso. O lado positivo é que o desempenho menor significa que a moto tem chassi, suspensão, pneu e freio “sobrando”.
E íamos precisar disso, pois o trajeto até Santos (SP) cruzaria a estrada Caminhos do Mar (SP-148), primeira via pavimentada da América Latina e que corta a Mata Atlântica pela Serra do Mar. Feita para carroças e mulas, a estrada de concreto é escorregadia, íngreme e repleta de curvas fechadas até seu fim na cidade costeira de Cubatão.
A descida em comboio não mostrou muita coisa, além de um belo visual da costa paulista. Mas foi na subida que as coisas ficaram mais divertidas. Com um ritmo mais animado, a FZ 15 encarou as ladeiras íngremes segurando de terceira marcha com eventuais reduções para segunda. A velocidade não passou de 50 km/h, mas o prazer de tocar uma moto leve e que te chama para deitar nas curvas sem ter medo de destracionar por excesso de torque é uma experiência que gostaria que todos que andam de moto tivessem.