Se você é dessas pessoas que adoram um sofá para relaxar, imagine colocar debaixo dele duas belas rodas e um motor de seis cilindros para você poder passear e viajar com ele, loucura? Quase, pois a Honda Goldwing 1800 Tour só não tem TV a cabo com seus programas favoritos, isso você tira de letra pegando a estrada.
A Honda Gold Wing é daquelas motos que quando você a vê já vai se aproximando para vê-la mais de perto. Imponente, chamativa tal qual uma criança você vai sentir vontade de montá-la, mesmo que não seja um motociclista.
Uma vez sobre ela a viagem rola solta mesmo que seja na imaginação. É incrível como essa máquina tem o poder e nos fazer viajar antes mesmo de começar a rodar.
Talvez pelas fotos você não tenha a percepção exata do porte dessa moto, ela é realmente grande, volumosa e pesada, são 410 quilos aproximadamente em ordem de marcha, mas que na prática, quando você começa a pilotá-la, esse peso parece muito menor, tal a agilidade que o conjunto oferece na pilotagem.
Algumas curiosidades sobre a Goldwing
- Em 1972 a Honda fez um protótipo chamado de M1 que já era o primeiro estudo de uma moto gran turismo da marca, com motor de 6 cilindros contrapostos, como esse aqui. Mas foi só em 1988 que essa configuração foi incorporada à Goldwing.
- A primeira curiosidade, que não é exatamente uma novidade é que ela é a única moto do mundo a sair de fábrica com airbag.
- O airbag fica aqui na frente, logo abaixo do painel de comandos. Em caso de colisão ele vai abrir e protegê-lo como nenhuma outra moto pode fazer.
- Essa versão que esteve até o ano passado nas concessionárias, ficou 40 kg mais leve do que a anterior, ou seja a anterior passava dos 450 kg!!
- O câmbio desta versão Tour, é do tipo DCT, de 7 velocidades, automatizado com dupla embreagem, mas ainda na sua segunda geração. Nesta versão ele ainda é um pouco truculento com alguns trancos no primeiro engate das marchas e nas saídas. Comportamento que melhorou a terceira geração do câmbio DCT que já equipa NC 750 é X-ADV. A nova versão da Gold wing também já deve ter ficado tão suave quanto às outras.
- A Goldwing também tem marcha ré, que é acionada através de um botão o que facilita demais as manobras de estacionamento.
Conforto
A ergonomia da Gold Wing está próxima da perfeição. Sua posição de pilotagem é muito confortável, relaxada e seu banco enorme tem ótima camada de espuma e está a excelente distância do guidão.
Todos os comandos da motocicleta estão bem à mão através dos punhos, mas também há opção de acesso pelo painel central bastante intuitivo e fácil de operar. O sistema tem o Android Auto de conectividade e você só vai precisar de um fone e microfone para interagir.
Para aumentar o conforto de piloto e da garupa os bancos são aquecidos, as manoplas também têm esse sistema. A Gold oferece um belo sistema de som para você fazer a sua trilha sonora na estrada.
O para-brisa tem regulagem elétrica para melhorar a proteção aerodinâmica e o piloto automático, que permite relaxar o punho da mão direita completa o pacote para o conforto.
Motor Boxer da Honda GL 1800 Goldwing Tour
O motorzão que empurra esta nave é sensacional, são seis cilindros do tipo Boxer com câmbio automatizado de sete velocidades que oferece pouco mais de 17 kgf.m de torque a baixas 4.500 rpm.
Ele é “liso” como o veludo em seu funcionamento, com nível de vibração quase zero. Forte e cheio de atitude, esse motor de seis cilindros permite rodar na marcha que você imaginar a baixa velocidade sem engasgos e se você intimá-lo vai sentí-lo crescer e empurrar até que você decida que é suficiente, e ele vai.
São quatro modos de pilotagem Tour, Sport, Rain e Econ, como é de praxe cada um com diferentes atuações nos sistemas de ajuda na pilotagem como controle tração, atuação do câmbio e no ABS.
Para um motor de seis cilindros o consumo de 18 a 20 km/l não é nada mal, mas se você começar a se empolgar vai ver o consumo instantâneo marcar no painel 14 ou 15 km/l, comprometendo sua autonomia.
Câmbio da Honda Goldwing
O câmbio automatizado DCT de dupla embreagem tem 7 marchas e diversas formas de utilização. A primeira é no modo Automático em que o sistema eletrônico troca as marchas de acordo com o modo de pilotagem selecionado.
Por exemplo, no modo Tour as marchas são engatadas a uma rotação mais baixa para o aumento do conforto na pilotagem. Já no modo Sport o sistema faz a troca em rotações mais altas para aumentar o desempenho, assim como no modo Econômico tudo é mais suavizado para garantir economia de combustível.
Na prática as reações ao giro do acelerador são um pouco abruptas, quando você seleciona o modo do câmbio, por exemplo o D, você sente o (clank) do engate da primeira marcha, depois os engates acontecem com menos drama.
O modo Sport é bastante arisco para a utilização urbana, porque qualquer movimento no punho seja para acelerar ou desacelerar é muito imediato causando aquelas famosas cabeçadas.
Suspensões
Ela foi feita mesmo para rodar na estrada. É lá que seu conjunto de suspensão funciona melhor com alto nível de conforto e muita estabilidade.
É incrível como ela é capaz de curvar e contornar curvas com decisão e bem aprumada, por outro lado, as suspensões sofrem com o pavimento ruim, principalmente a dianteira que, a depender do solavanco, bate seco dando uma certa agonia.
A suspensão dianteira tem um sistema diferente, ela não tem bengalas telescópicas como a maioria das motos, a Honda utiliza um sistema batizado de Wishbone, no qual o amortecedor é acionado por uma espécie bandejas, ou links, que transmitem o movimento do trem dianteiro para o amortecedor.
Uma das vantagens desse sistema é que a suspensão dianteira não afunda nas frenagens como na maioria das motocicletas, mantendo a moto mais estável, principalmente nas frenagens.
Atrás o monoamortecedor é preso por links à balança e tem boa capacidade de isolar os movimentos vindos da roda.
Sistema de freios
Os freios têm funcionamento combinado, usando o mesmo princípio utilizado, por exemplo, na CB 300F Twister. Ao acionar o freio traseiro parte da força é transmitida para o pistão central das pinças de seis pistões, equilibrando as frenagens.
O sistema é potente e tem ótimo desempenho, a ressalva é para as manobras em baixa velocidade onde o acionamento forçado do freio dianteiro, combinado ao peso da moto, pode atrapalhar, é preciso tato para essas manobras, mas você acaba se acostumando.
A Goldwing é uma moto extraordinária e nasceu para você se deliciar nas estradas, conforto, desempenho e tecnologia, tudo muito bem equilibrado. Essa versão que testamos ainda não é a última que está sendo oferecida nas concessionárias, que já tem a terceira geração do câmbio DCT, mas sua essência é a mesma.
O preço? Nada mais nada menos que 340 mil reais, aqui em São Paulo. Se dinheiro não for problema para você, monte na sua e vá curtir a estrada e pilote todos os quilômetros que conseguir, você vai ver que vale cada centímetro de asfalto e, de quebra, vai se tornar uma pessoa mais feliz!