Dados da Fenabrave mostram que foram emplacadas 3.279 unidades entre janeiro e maio deste ano, aumento de 20,4% em relação ao mesmo período de 2021.
A disparada no preço dos combustíveis ajudou a impulsionar ainda mais um mercado que já vinha aquecido: de venda de motos novas. Dados da Fenabrave, associação dos concessionários, mostram que foram emplacadas 3.279 delas em Campinas (SP) entre janeiro e maio de 2022, média de uma por hora, o que representa alta de 20,4% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior.
Os números do setor já vinham em expansão pela alta demanda por serviços de entrega na pandemia da Covid-19, mas para o economista e professor da PUC-Campinas, Roberto Brito de Carvalho, o crescimento vertiginoso nos primeiros meses do ano estão, sem dúvida, relacionados com o custo dos combustíveis no país.
“Há uma mudança de hábito dos consumidores de maneira geral. Na busca por alguma folga no orçamento doméstico, há uma tentativa de substituir os gastos, sobretudo os cotidianos como transporte, e sem ter um transporte urbano de qualidade, as pessoas que mantém a ideia do transporte individual sentem a necessidade de reduzir os gastos com os combustíveis. E a moto, sem dúvida nenhuma, é muito mais econômica do que o carro”, destaca o especialista.
Queda da renda
Segundo o economista Paulo Oliveira, do Observatório PUC-Campinas, aliado ao peso que o preço dos combustíveis acrescentou no orçamento das famílias está o fato de ocorrer uma queda no rendimento médio dos brasieiros, o que incentiva a busca por um meio de transporte mais barato e econômico. “[Os números] são sinais do contexto desse aumento do preço e queda da renda”, diz.
Roberto Brito de Carvalho pontua que esse crescimento do mercado de motos é vísivel no trânsito da cidade, com um volume cada vez maior do veículo nas vias, mas que tal cenário preocupa diante do aumento de acidentes.
“Temos visto cada vez mais o volume de motos no trânsito. O que, de uma certa forma, nos preocupa por que acarretado a isso vem os custos relacionados aos acidentes que inevitavelmente geram mais despesas ao sistema público de saúde ou mesmo ao sistema privado”, explica.