A marca de motos elétricas Voltz já está preparando a fita e a tesoura para a inauguração oficial de sua linha de produção na Zona Franca de Manaus. Com exclusividade ao Startups, o fundador e presidente da startup, Renato Villar, cravou a data: 30 de maio.

A unidade tem mais de 12 mil m² e é resultado de um investimento de aproximadamente R$ 12 milhões, que vem no rastro de um aporte de 95 milhões de reais realizado em abril de 2021, em uma rodada liderada pela Creditas e pelo Grupo Ultra – dono do posto Ipiranga.

Com a abertura, a montadora espera escalar a produção das motos elétricas EV1 (scooter) e EVS (street) para cerca de 52 mil unidades até o final de 2022 e chegar futuramente a 15 mil motos produzidas todos os meses. A planta começará com aproximadamente 200 colaboradores, mas a meta é dobrar este número até o final de 2022.

Para o mês de inauguração, os números são um pouco mais modestos. “Vamos produzir as primeiras unidades nas próximas semanas, treinando nosso time. Queremos iniciar a operação oficial, no final de maio, com uma média de 60 motos/dia, mas temos potencial de subir este número para 300”, explica Renato.

Na visão dele, a chegada ao polo de Manaus traz muitos impulsos à capacidade produtiva da montadora. Um dos mais decisivos são os benefícios fiscais, especialmente em relação aos impostos de importação dos componentes – por lá, a tributação é de apenas 2%.

Antes da nova fábrica, a Voltz montava suas motos em uma unidade menor em Cabo de Santo Agostinho (PE), com praticamente todos os componentes importados. Na Zona Franca, a startup espera aumentar o percentual de peças nacionalizadas, reduzindo custos e otimizando a produção.

Com a chegada em Manaus, o plano é se aproximar de outros fabricantes de insumos, como por exemplo os de bateria de lítio, componente que responde por aproximadamente 40% do valor das motos elétricas. “Hoje importamos nossas baterias, mas à medida que ganhamos escala e visibilidade, abre a possibilidade de firmar parcerias para desenvolver nacionalmente estes componentes”, avalia Villar. “O foco é alavancar o estoque e diminuir a fila de espera”, afirma.

Sem atrasos

Por falar em fila de espera, a fábrica em Manaus tem a missão de endereçar recentes perrengues. No ano passado, a Voltz foi alvo de reclamações de clientes devido a atrasos na entrega de pedidos.

Para aliviar a barra com os clientes insatisfeitos, a empresa chegou a distribuir vouchers de Uber para que eles se locomovessem enquanto a moto não chegava. Segundo Renato, a nova unidade dará mais subsídios para que suprir a demanda.

“Assim como outras montadoras, ainda estamos sujeitos aos imprevistos do mercado internacional e dificuldades no supply chain, mas estaremos melhor preparados”, destaca Renato. No fim do ano passado, Renato foi à China para conversar com fornecedores e normalizar a entrega de componentes. O plano era voltar de lá apenas quando estivesse tudo equacionado. Moral da história, ele passou 3 meses por lá, perdendo, inclusive, o aniversário do filho.

Parceria com iFood

O impulso na capacidade produtiva também tem impato em outros planos além da venda ao consumidor. A Voltz firmou em fevereiro uma parceria com o iFood, desenvolvendo um modelo otimizado para entregadores, a EVS Work.

A previsão da companhia é comercializar 12 mil unidades deste modelo até o final de 2022, oferecendo descontos e facilidades no financiamento com taxas especiais – o modelo sai por R$ 9.990,00. Além disso, a parceria prevê a instalação de pontos de recarga nos principais centros urbanos do país.

Para Villar, esta parceria com o iFood é o primeiro passo em uma nova direção para a Voltz, desenvolvendo modelos e tecnologias para clientes corporativos.

Tecnologia e expansão

Com o estoque reforçado, agora o desafio é vender. A Voltz ficou conhecida por seu modelo 100% online de venda para as motos elétricas, inclusive rendendo a ela o apelido de “Tesla Brasileira” por parte de alguns mais empolgados.

Atualmente a marca conta com 11 lojas próprias e 60 pop-up stores no território nacional, onde os clientes podem testar os modelos antes de fazer o seu pedido. No roadmap está previsto a abertura de novos pontos de venda – Goiânia deve receber uma loja até o final do ano, adianta Renato.

Mas o grande desafio, conforme aponta o o fundador, é investir em inovação para se destacar no mercado das motos elétricas, que anda cada vez mais concorrido. A chinesa Shineray  lançou este ano seu primeiro modelo street – a SHE S – enquanto a Watts foi adquirida pela Multilaser  e deve lançar em breve a moto street E-125. No fim do ano passado, os fundadores da marca de bicicletas elétricas Lev começaram a trazer para o Brasil as motos da chinesa Niu Technologies.

Conforme explica o executivo, o plano é desenvolver e incluir recursos cognitivos embarcados no sistema da moto, com inteligência para entender o ambiente o consumidor. Para atingir este objetivo, entram câmeras, sensores e machine learning.

“Nosso foco agora é 100% tecnologia para levar mais segurança aos condutores. Essa inteligência própria será um diferencial”, finaliza Villar.

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