Fábricas lá instaladas produzem 98% das motos vendidas no País. Bom momento do setor de duas rodas leva empregos e contribui para desenvolvimento da região

A quantidade de motocicletas nas ruas de todo o Brasil mais que dobrou na última década. A frota de motos e scooters passou de 15 milhões, em 2009, para cerca de 31 milhões, em 2022. Mais de 3 milhões delas, nos últimos três anos. Afinal, após a pandemia, o delivery e as entregas por motos ganharam força e, também, o preço dos combustíveis disparou. Com isso, muitas pessoas viram nas motos e scooters uma forma mais econômica de se locomover.

Esse crescimento impactou, diretamente, o segmento de duas rodas no Brasil – atualmente, o sétimo maior produtor no mundo. A indústria de motos fechou o ano passado com alta de 18,2%, na comparação com 2021. Foram 1.413.222 unidades produzidas, o melhor resultado dos últimos nove anos.

A curiosidade é que, praticamente, todas as motos e scooters que rodam pelas ruas e avenidas brasileiras vieram de Manaus, capital do Amazonas, onde estão instaladas as dez maiores fabricantes do País, responsáveis pela produção de mais de 98% das motos vendidas no País.

Por que as fábricas de motos estão em Manaus?

A concentração de fábricas de motos no meio da Floresta Amazônica pode parecer estranha do ponto de vista logístico, mas é resultado direto dos benefícios fiscais oferecidos pela Zona Franca de Manaus. Estabelecida, em 1967, com a finalidade de criar um centro industrial na capital do Amazonas e contribuir para o desenvolvimento da região, a Zona Franca, atualmente mais conhecida como Polo Industrial de Manaus (PIM), acabou atraindo as fábricas de motocicletas que chegavam ao País, no início da década de 1970.

Pioneira em Manaus, a Honda produziu sua primeira moto no Brasil em 1976. Hoje, quase meia década depois, a gigante japonesa lidera o mercado brasileiro, com 78,5% das motos produzidas no País no ano passado. A marca também comemora o fato de ter voltado a produzir mais de 1 milhão de motos – quantia que não era atingida desde 2015.

“Desde 2012, a indústria de motos vinha em queda. Em 2018, iniciou-se um processo de retomada, que foi interrompido pela pandemia, em 2020. Fomos muito impactados, pois, além dos problemas na cadeia de suprimentos, as pessoas não podiam vir trabalhar. Em 2022, tivemos problemas, no início do ano, mas conseguimos aumentar o volume de produção em 19%”, esclarece Julio Koga, vice-presidente industrial da Moto Honda da Amazônia.

Mais contratações

O bom momento vivido pelo segmento de duas rodas impacta, diretamente, na economia da capital e também do estado do Amazonas. O Polo Industrial teve faturamento de R$ 161,5 bilhões, entre janeiro e novembro do ano passado, segundo os dados mais recentes divulgados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Da quantia, recorde histórico para a Zona Franca, o segmento de duas rodas respondeu por R$ 24,27 bilhões.

As motos são o segundo maior faturamento do PIM, atrás apenas dos eletroeletrônicos, que faturou R$ 78,05 bilhões. Contudo, as fábricas de motocicletas conseguiram o maior crescimento percentual no faturamento no período: 30,2%, em relação a 2021.

Com o aumento na produção de motos, a Honda precisou contratar. “Hoje, nós temos pouco mais de 7 mil colaboradores diretos. Isso representa um crescimento de 21%, no nosso quadro, desde 2017”, diz Koga.

Segundo a associação dos fabricantes do setor, a Abraciclo, as fábricas de motos geram mais de 15 mil empregos diretos, o que representa 13% dos postos de trabalho do PIM. Isso sem considerar os indiretos dos mais de 30 fornecedores de peças e componentes para a Honda, a Yamaha, a Dafra e as outras fábricas de motos.

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